Respeito! Essa é a regra do jogo. Em campanha assinada pela Zóegas Comunicação e Marketing Digital, a Confederação Brasileira de Futebol dá um passo à frente na busca pelo respeito no futebol, respeito às regras e respeito aos árbitros. A campanha foi lançada na mesma semana em que a CBF apresentou o primeiro balanço sobre o VAR, popularmente conhecido como “árbitro de vídeo” e serve para conscientizar tanto os jogadores dentro de campo como os torcedores nas arquibancadas.
Números expressivos foram divulgados pela entidade, que convive com uma enorme polêmica em relação aos árbitros de vídeo, no que tange à sua execução e eficiência em solo brasileiro. No Brasil, os lances revisados pela equipe da cabine chegam a levar 5 minutos para encontrar uma decisão, enquanto em outros países esse tempo leva até menos de 1 minuto. As decisões por aqui, no entanto, tem ótimo aproveitamento, como reforça a campanha da CBF, segundo sua própria análise. Apenas 10 das 764 revisões feitas pelo VAR até aqui, foram tomadas de modo a beneficiar o infrator.
A principal peça feita pela campanha foi um filme que acompanha o cotidiano do árbitro no futebol, evidenciando seus treinamentos físicos, preparação técnica e até mesmo os momentos familiares, deixando claro que o árbitro é um ser humano que merece respeito como qualquer outro. Confira o filme.
Ainda, os árbitro tiveram um novo patch costurado ao seu fardamento de jogo, no bolso ao lado esquerdo do peito, com a mensagem “Respeito! Essa é a regra do jogo.” Durante a partida entre Atlético-MG e Bahia, válida pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2019, em um momento acalorado da partida, em que os atletas Leonardo Silva (Atlético-MG) e Fernandão (Bahia) discutiam e ameaçavam o andamento do jogo, o árbitro da partida Rodolpho Toski Marques ameaçou tirar o cartão amarelo do bolso como forma de punir a postura dos atletas, justamente o bolso que continha a mensagem que é a assinatura dessa campanha.
O auge da discussão sobre respeito no futebol, no entanto, está em uma outra temática que também veio à tona nesta semana: o STJD recomendou e a CBF divulgou que pode até mesmo punir com perda de 3 pontos na tabela do campeonato os times que tiverem em sua torcida cantos homofóbicos sendo proferidos aos seus adversários. Quem acompanha futebol é impactado semanalmente com a “normalização” dessa postura entre agremiações rivais, alguns clubes carregam consigo apelidos que apelam diretamente à homofobia, sem quaisquer explicação cabível.
É bem verdade que o futebol é um esporte com portas extremamente fechadas à população LGBTQI+, porém, ainda assim, é o esporte mais praticado do mundo e corre nas veias dos brasileiras em iguais proporções. Regularmente, em datas específicas, temos grandes clubes se posicionando com mensagens de apoio à causa, levantando bandeiras contra a homofobia, ainda que sazonalmente. Tal posicionamento sempre é recebido negativamente pela parte majoritária dos consumidores de futebol.
Neste final de semana, também em jogo válido pela 16ª rodada do Campeonato Nacional, o Vasco recebeu em São Januário a equipe do São Paulo, uma das principais equipes que tem sua torcida ofendida com cantos homofóbicos onde quer que jogue em território brasileiro. Em determinado momento da partida, quando o Vasco levava vantagem no placar, o torcedor carioca iniciou cantos que caracterizavam episódios de homofobia e transfobia, que devem agora ser relatados na súmula. O árbitro do jogo, Anderson Daronco, paralisou a partida e direcionou-se ao treinador da equipe vascaína e ameaçou encerrar a partida caso os cânticos ofensivos permanecessem. O técnica Vanderlei Luxemburgo e os atletas do Vasco imediatamente manifestaram-se de forma negativa contra seus próprios torcedores, pedindo que as ofensas forem interrompidas.
O gesto, inédito até aqui, na partida entre Vasco e São Paulo deve passar a ser vista com maior frequência a partir dos próximos jogos, uma vez que essas manifestações preconceituosas acontecem em todo campo de futebol pelo Brasil. No entanto, a ordem respeito pedida pelos dois árbitros desta 16ª rodada do Brasileirão, em situações diferentes e tão comuns no nosso país, reforçam o sucesso da campanha publicitária da Zóegas para a CBF e o papel importante que terão os árbitros na reeducação de atletas e torcedores em todo o Brasil, ainda que seja pelo medo de perder um jogo de futebol e não por uma demonstração de consciência social.